Já dizia Einstein...
Em 1946, o The New York Times Magazine publicou uma entrevista realizada com Albert Einstein em que ele fala sobre o advento da bomba atômica e suas implicações na sociedade e em nossa evolução. Destaco o começo da entrevista:
"Muitas pessoas perguntaram sobre uma recente mensagem minha que 'um novo tipo de pensamento é essencial para que a humanidade sobreviva e se mova para níveis mais altos'.
Frequentemente, nos processos evolutivos, uma espécie deve se adaptar a novas condições para sobreviver. Hoje, a bomba atômica alterou profundamente a natureza do mundo como a conhecemos, e a raça humana se encontra em um novo habitat ao qual deve adaptar seu pensamento."
Estas palavras de Einstein são atemporais. Nem um século se passou e já estamos em um habitat totalmente diferente do qual ele falava em 1946. Ainda hoje, suas palavras são um convite para continuarmos repensando a forma como nos organizamos coletivamente. Isso inclui repensar o papel das organizações na sociedade.
Desde a bomba atômica, uma infinidade de tecnologias e descobertas científicas surgiram, contribuindo para um habitat em constante transformação. Enquanto nós, a passos muito mais lentos, vamos transformando nossa forma de pensar. Se por um lado temos a ciência e tecnologia capazes de apoiar a construção de uma sociedade mais justa e que valorize a equidade, por outro temos ainda a tendência de sempre buscar o benefício próprio em primeiro lugar, contribuindo para continuidade de estruturas de poder e dominação, e manutenção de privilégios de poucos em detrimento do bem-estar de muitos.
Na parte final da entrevista, Einstein fala sobre o planejamento de segurança mundial em relação à bomba atômica:
"A ciência trouxe esse perigo, mas o verdadeiro problema está na mente e no coração dos homens. Não mudaremos os corações ou outros homens por mecanismo, mas mudando nossos corações e falando corajosamente. […]
[…] Quando tivermos clareza de coração e mente – somente então encontraremos coragem para superar o medo que assombra nosso mundo."
Esse trecho me lembra da importância da transformação das crenças coletivas que temos. Se por um lado é importante criar mecanismos institucionais para cada vez mais garantir o bem-estar de todas e todos, por outro lado é preciso também falarmos sobre uma mudança de visão de mundo de dualidade e medo para integração e confiança. E as organizações têm papel fundamental nessa mudança.
Pessoas passam, pelo menos, oito horas do seu dia dentro de uma organização. Ali, elas estão constantemente sob a influência de uma política institucional. Portanto, a forma como uma organização pauta e vivencia seus valores pode, diretamente, contribuir para a experimentação de novos valores por parte de seus colaboradores. Organizações não têm apenas o papel de agentes de remuneração financeira para seus acionistas e dirigentes, mas também o de agentes de transformação modelando como nos relacionamos enquanto sociedade.
Para apoiar essa transformação, felizmente, existem pessoas dedicadas a vislumbrar e falar corajosamente sobre um futuro mais colaborativo e inclusivo, capazes de superar os medos que assombram nosso mundo.
Dentre as pessoas que tem me inspirado, deixo contigo a indicação de quatro livros que acredito serem fundamentais para pensarmos organizações como agentes de transformação.
Reinventando as organizações: Frederic Laloux mostra que, ao longo da história, toda vez que a humanidade muda para um novo estágio de consciência, uma maneira jamais vista para estruturar e gerenciar organizações também é desenvolvida, com avanços extraordinários em colaboração. E com uma nova mudança na consciência em curso nos dias atuais, ele investiga organizações ao redor do mundo que já estão operando neste novo paradigma.
Comunicação não-violenta: por um lado, Marshall Rosenberg traz um conjunto de princípios que apoiam viver uma vida repleta de compaixão, colaboração, coragem e autenticidade, partindo da presunção que todas e todos somos seres compassivos por natureza. Por outro, ele decodifica uma linguagem que nos ajuda a compreender como as palavras contribuem para conexão ou distanciamento, apoiando uma comunicação mais assertiva e mais possibilidades de resolução de conflitos.
The Deep Democracy of Open Forums: Arnold Mindell diz que para organizações, comunidades e nações terem sucesso e sobreviverem, elas devem ser "profundamente democráticas", que significa que todas e todos, e todo sentimento, devem ser representados. Democracia profunda é a consciência da diversidade de pessoas, papéis e sentimentos, e uma atitude de anfitriar bem tudo que bater à porta.
Macrowikinomics: Don Tapscott e Anthony D. Williams mostram que em muitas áreas – finanças, assistência médica, ciências, educação, mídia e meio ambiente – alcançamos um ponto de inflexão histórico: empacar nos velhos paradigmas da era industrial ou explorar a inovação colaborativa para revolucionar as formas como trabalhamos, vivemos, aprendemos, criamos, governamos e cuidamos uns dos outros.
E se ficou curiosa, clique aqui para ler a entrevista completa de Einstein.
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