Sérgio Luciano http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br Sérgio Luciano tem como missão de vida o despertar da potencialidade que vive em cada ser humano, a partir da própria sabedoria de cada um. Wed, 18 Mar 2020 15:19:47 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Privilégios, vantagens e acesso a bem-estar http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/2020/03/18/privilegios-vantagens-e-acesso-a-bem-estar/ http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/2020/03/18/privilegios-vantagens-e-acesso-a-bem-estar/#respond Wed, 18 Mar 2020 15:19:47 +0000 http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/?p=133

Privilégios. Vantagens. Benefícios que tenho em decorrência de minha condição atual. Podemos dar outros nomes. A gramática é o que menos quero me ater aqui.

Estas vantagens são condições que influenciam, direta ou indiretamente, minha vida e meu bem-estar. Em diversos contextos. Contribuem para eu ter facilidade no acesso a recursos que preciso, que não necessariamente outras pessoas teriam. Ao menos não com a facilidade que tenho.

Olhando para a minha história, eu diria que poder falar 4 idiomas é um privilégio. Ou vantagem. Que contribui para, por exemplo, ter acesso a conhecimentos em diversos idiomas e que ainda não estão disponíveis em português. O que contribui para meu desenvolvimento pessoal.

Inclusive, é uma das vantagens que me permitiu fazer um curso entre janeiro e fevereiro de 2019, nos Estados Unidos. Curso este que aborda justamente o tema sobre o qual escrevo agora.

Ter nascido em uma família de classe média, ter meu pai militar e viver ao menos 20 anos da minha vida em bases militares, é outro privilégio.

Nunca me preocupei com segurança. Cuidados médicos de primeira linha. Educação de qualidade. Ser homem, heterossexual (se você acha que isso não é privilégio, basta olhar para o número de mortes e agressões a mulheres e homossexuais, simplesmente pelo seu gênero ou orientação sexual).

Apesar de não ter um pai tão presente fisicamente e com uma série de problemas familiares, tive uma mãe que segurou a barra durante toda a minha infância, estando sempre lá para me apoiar.

Toda essa tranquilidade que tive para “crescer” como indivíduo me apoiou a desenvolver resiliência psicológica para lidar com as dificuldades familiares (violência doméstica de ordem física e emocional por longos anos) que levaram à separação de minha mãe e meu pai, bem como os impactos posteriores desta separação.

Existe também a questão racial. Por mais que tenha traços africanos e me considere negro (com pele clara), 90% do tempo não passo pelas mesmas dificuldades que outras pessoas negras de pele mais escura (vista a complexidade de questões envolvendo colorismo no Brasil).

Calma, meus méritos, ou influência pessoal, não ficam de fora. É fato que existe o fator Sérgio também. O esforço pessoal para estudar e aprender. Não só na escola e faculdade, mas para ter força de buscar por conta própria aquilo que me fazia sentido, meus sonhos. Ainda que no sentido contrário das expectativas familiares de eu me tornar militar e ter ‘uma boa vida’ num cargo público. Minha persistência diante das dificuldades que surgem.

Tem tanta coisa mais que poderia listar, mas estas penso que bastam para ilustrar.

A complexidade para além do mérito individual

Veja, não quero demonizar os méritos individuais. Acho que são válidos e precisam ser reconhecidos e honrados. Porém não acho sensato supervalorizá-los.

Acho importante honrar que a vida é coletiva e que, por onde passamos, influenciamos e somos influenciados pelo meio. E que o meio é um fator de peso nas experiências de cada indivíduo. Alguns tem um poder pessoal que transcende a adversidade. Outros, não. A complexidade do viver não pode ser reduzida a um ‘se eu consegui, você consegue’.

Também não quero demonizar seus e meus privilégios. Ou vantagens. Benefícios.

Ora, se existem, nada mais importante que acolher e honrar essa possibilidade de acesso que contribuem direta e indiretamente para nosso bem-estar. Que abre portas e ilumina caminhos.

Porém aqui cabe um ponto de atenção: o mundo é maior que nosso umbigo e nossa bolha social. Nem todos têm o privilégio, ou acesso, a uma boa educação, saúde e alimentação. Remuneração que garanta subsistência. Saneamento básico. Família estruturada. Tranquilidade para pensar e escolher, sem ter que matar um leão por dia para sobreviver.

O que para uns é natural, para outros é um sonho distante. Ou poderia dizer que existe gente muito privilegiada. Outras menos. Algumas, quase nada. Outras ainda, com risco diário de morte pelas suas condições atuais de existência.

Menos culpa, mais responsabilidade e um pouco de desconforto

Você já parou para pensar nos benefícios que tem na sociedade?

Advindos de sua cor de pele. Gênero. Orientação sexual. Etnia. Grau de instrução. Cargo que ocupa numa empresa. Práticas religiosas. Nível de instrução. Domínio de idiomas. Condições físicas. Biotipo. Local onde mora.

Características que no contexto social em que vivemos levam para as margens ou para os céus. Inclui ou exclui. Dita quem tem direito a existir. Prende. Solta. Silencia. Dá voz.

Além disso, como é sua capacidade de lidar com adversidade? E a resiliência que adquiriu na superação de problemas do passado? Você conseguiu encontrar um propósito de vida?

Tudo isso influencia na forma como cada pessoa experimenta a vida.

Veja. Não estou te culpando pelos teus privilégios. Tampouco querendo me tornar mártir a partir dos meus.

Também não estou dizendo que você deve fazer algo pelo outro. Que deve abrir mão de alguma coisa. Acredito na liberdade de escolha. E na possibilidade de escolhas conscientes, que encontrem equilíbrio entre cuidar de mim, cuidar do outro, cuidar de questões sistêmicas.

Quero ainda compartilhar, com você que também percebe ter muitos privilégios, o desconforto de ver o tamanho dos benefícios que tem e o fato de poder escolher com o que se preocupar; e saber que há um universo de pessoas em que a única escolha que têm é fazer de tudo pra viver mais um dia.

Com isso, quero deixar uma semente de reflexão:

– Será que é possível você usar parte do poder que seus privilégios lhe conferem, para contribuir com uma sociedade mais justa e equânime? Se sim, como?

E, junto dessa reflexão, faço um convite para ação.

Seja com tempo. Seja com dinheiro. Seja com sua energia de vida. Trabalho. Seja como for.

Não é sobre ajudar. Não é sobre caridade. É sobre se reconhecer parte da equação.

E se a nós é dada a possibilidade de somar e multiplicar, que possamos também, cada vez mais, dividir e compartilhar. Seja tempo, seja capital financeiro, seja capital social, seja o que for.

Há quem pense que está perdendo. De fato, talvez o seja, olhando só pro individual. E talvez, para mudanças no sistema atual, uma dose de perda individual é necessária para aumento no bem-estar social.

Agora, a escolha do que compartilhar, e onde estaria disposto a perder para outros também ganharem, só você pode fazer.

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O que ação de CEO que reduziu salário em 93% tem a ver com Justiça Social http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/2020/03/11/o-ceo-que-reduziu-seu-salario-em-93-e-deu-aumento-para-todos-funcionarios/ http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/2020/03/11/o-ceo-que-reduziu-seu-salario-em-93-e-deu-aumento-para-todos-funcionarios/#respond Wed, 11 Mar 2020 07:00:27 +0000 http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/?p=125 Esses dias conheci a história de Dan Price, um americano dono de uma empresa de pagamentos que em 2013 resolveu tomar uma decisão audaciosa: imediatamente cortar seu salário de 83 mil dólares mensais para 6 mil dólares mensais, hipotecar suas duas casas, vender todas as suas ações e esvaziar suas contas de aposentadoria. Dessa forma, ele poderia, nos próximos três anos que se seguiriam, aumentar o salário de todos os funcionários para que todos ganhassem, no mínimo, esse mesmo valor de 6 mil dólares mensais.

Para ter uma ideia da mudança promovida por Dan, no estado de Washington DC, onde há a o maior salário mínimo prefixado em 2020, o mínimo mensal tem um valor médio de 2,6 mil dólares. E, segundo estudos os economistas Daniel Kahneman e Angus Deaton, vencedores do prêmio Nobel, um salário de 6,25 mil dólares mensais é o valor médio que permita um cidadão americano ter bem-estar emocional.

Porém, o que mais me chamou a atenção na história de Dan e da Gravity Payments não foi essa decisão radical quanto aos salários na empresa, mas um dos estopins para sua decisão.

Somos todos parte do problema, e da solução

Certo dia Dan perguntou a uma funcionária como ela estava, pois lhe parecia que algo a incomodava. Porém, recebeu uma resposta inesperada: “Você está me roubando”. E na tentativa de continuar a conversa, ainda escutou: “Eu sei que suas intenções são ruins. Você se gaba de como é financeiramente disciplinado, mas isso se traduz em eu não ganhar dinheiro suficiente para levar uma vida decente”.

Para Dan, essas palavras chegaram como um choque. Foram dolorosas. Olhando pra dentro, ele percebeu que o medo que tinha diante da crise pela qual passou durante a Grande Recessão continuava a influenciar a forma como encarava as finanças e a política salarial da empresa, ainda que tivesse se recuperado e continuasse a crescer.

Quantas pessoas, nessa posição, acolheriam a acusação dessa funcionária e buscariam encontrar sua responsabilidade diante dela? Quantas tentariam ‘dar-lhe uma lição’ e discursariam sobre liberdade de escolher onde trabalhar, caso não estivesse contente? Quantas tentariam minimizar a situação, dizendo que ao menos ela tem um emprego? E você, como reagiria diante dessa provocação?

Dan encontrou sua parte de responsabilidade nessa acusação. E, desde aquele momento, escolheu um caminho de transformação que culminou na decisão de aumento substancial dos salários de todos na empresa, junto com a redução do seu.

Não é sobre ser bonzinho e altruísta, é sobre justiça social

Dan reconheceu o poder e o privilégio que tinha por ser fundador e presidente da Gravity, e o retorno financeiro que essa posição lhe trazia. Também reconheceu os impactos de suas escolhas enquanto presidente, tanto no seu estilo de gestão como na política salarial dos funcionários. A partir dessa consciência, ele tinha uma decisão a tomar. E essa decisão passava, antes de tudo, por um ajuste de perspectiva. Um desafio às suas crenças do que significava resultado financeiro e prosperidade.

De fato, existia uma grande assimetria ali, com ele recebendo um salário quase 30 vezes maior que o piso salarial até então praticado pela Gravity. E uma vez entendendo que para que aquela funcionária, e todos os outros, tivessem um aumento em seu nível de bem-estar, ele precisaria fazer ajustes financeiros na empresa. Assim, Dan decidiu por, conscientemente, abrir mão do benefício financeiro pelo privilégio que tinha, dentre outras mudanças. O que nos leva a um terceiro ponto.

Para todos ganharem, alguém precisa perder

Sim, alguém precisa perder. Mas, espere! Segura as suas críticas aí, caso elas tenham surgido. Quando digo perder, não é perder tudo. Tampouco renunciar a todos os privilégios (ou benefícios) que tem, mas sim revê-los.

No caso de Dan, foi o salário de 1 milhão de dólares anuais. E suas economias e ações que comprou no passado. Naquele momento, diante da decisão que tomou, era aquilo do qual estava disposto a abrir mão. Para outras empresas ou pessoas, podem ser outras cifras, outras medidas. Cada um sabe onde o calo aperta e onde estão seus limites. E o quanto estão dispostos, ou não, a desafiar pressupostos que carregam.

E, que merda é perder. Eu não quero. Quem o quer? Pode soar até injusto, algumas vezes.

Porém, nem sempre o mais justo, olhando pro todo, é aquilo que é o mais confortável para mim. Às vezes é preciso perder algo individualmente para ganharmos coletivamente. E, quando decidimos conscientemente do que estamos dispostos a abrir mão em prol do coletivo, temos um baita trabalho interno de aceitação e transformação pessoal, de acolhimento das dores oriundas dessas perdas.

Essa é uma decisão audaciosa. Hoje ainda, poucos estão dispostos a dar esse passo. Nem por isso essa decisão deixa de se fazer necessária para uma sociedade mais justa. O que nos leva ao meu último ponto.

Mais que atitudes, tudo começa na mudança de paradigma

Por fim, não estou glorificando a atitude de Dan Price. Tampouco dizendo que todos devemos ser iguais a ele. Aqui me cabe o papel de provocador. De cutucar um modelo de gestão vigente, que prioriza uma distribuição assimétrica, baseando-se na premissa de que salários mínimos previsto em lei são mais que o suficiente, só por estarem de acordo com obrigações legais.

Sim, sei também que o buraco é muito mais embaixo. Cada um sabe as dores e desafios de empreender, de manter um negócio que seja financeiramente sustentável. De estar em posições de gestão e tomar decisões complicadas que, muitas vezes, trazem consigo a impopularidade. E que ‘mais dinheiro’ é a contrapartida principal para esses esforços, sendo uma das justificativas para assimetrias salariais.

Aliás, não acho errado diferenciações salariais e maiores ganhos para pessoas que assumem responsabilidades maiores. Não acho errado quem investiu dinheiro num negócio receber retorno financeiro pelo risco que teve ao colocar seu patrimônio financeiro a serviço desse negócio. Longe de mim reivindicar o papel de regulador das ações individuais e dizer o que funciona para fulano ou ciclano. Do contrário, meu desejo é que cada pessoa escolha aquilo que lhe faz sentido, diante de suas crenças.

E, por isso, minha esperança nessas provocações é suscitar movimentos que contribuam para escolhas conscientes de fazer diferente. A um ajuste no sistema de crenças e mudanças comportamentais, que levem a mudanças estruturais. Não só de políticas salariais, mas de uma profunda mudança na forma como olhamos para o significado de suficiência e bem-estar, para as métricas de sucesso de uma empresa.

Os resultados colhidos pela Gravity – como melhora na produtividade, aumento da receita e maior retenção de funcionários – mostram que uma melhor distribuição de renda e prosperidade do negócio podem andar juntas. Que assimetrias podem ser questionadas e reduzidas. Que, na palavra de uma das funcionárias da Gravity: “quando dinheiro não é a principal preocupação de alguém, é mais fácil se apaixonar pelo que lhe motiva”. E que salários mais justos representam aumento substancial na qualidade de vida e bem-estar das pessoas.

E se eu acredito que todas as empresas vão ser assim, ou mudar por amor? Não! Mas, se as pessoas e empresas que acreditam nessa transformação não o fazem e não falam exaustivamente sobre isso, quem mais o fará?

O caminho é longo e árduo, mas deixar de buscar essas mudanças e falar sobre esse tema, não é uma opção.

Quer saber mais sobre Dan e a Gravity Payments? Indico este artigo aqui.

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Empatia não é moeda de troca http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/2020/03/04/empatia-nao-e-moeda-de-troca/ http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/2020/03/04/empatia-nao-e-moeda-de-troca/#respond Wed, 04 Mar 2020 07:00:00 +0000 http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/?p=121 Estes dias conversava com uma amiga sobre essa tal de empatia. Falávamos, dentre várias coisas, da importância de lembrar que empatia não é moeda de troca. Tampouco condicional às réguas de certo e errado que começo a criar.

Algo como: “Eu sou empático, busco me colocar no lugar do outro… mas, olha: com fulano não rola. aquele ali é empatia zero pelos outros.”

Ou então: “Poxa, eu sou empático com fulano. mas ele não é nada empático comigo e não muda. Assim não dá, né.”

Acho tenso falar sobre isso, pois começo também a pensar sobre limites e dificuldades de lidar com pessoas que têm ações que contribuem imensamente para redução do meu nível de bem-estar e o nível de bem-estar da sociedade.

Sendo mais direto: “Caramba, tenho que ser empático com esse bando de gente que só quer ver os outros se ferrando, que só pensa em si? E até com aqueles que demonstram ter prazer ver os outros em más condições, para assim se sentirem bem?”

A resposta mais simples é: “Não. Você não tem que ser empático com esse povo. Aliás, você não tem quer ser empático com ninguém. Ignore tudo que escreverei aqui, e viva como quiser.”
Porém, tenho percebido que o buraco é um pouco mais embaixo. Um causo mais complexo, viu.

Contextualizando: acho que empatia é caminho e decisão. Uma escolha de começar a olhar para as pessoas pelas lentes da humanidade. Humanidade que reside em mim, em você, em nós, neles. Sim, neles. Naquela gente ruim, seja lá quem for que você chama de gente ruim.

Porém, vamos dar alguns passos atrás. Se você nunca antes foi pra academia e tem um corpo magrelo (tipo eu). Sem músculos praticamente. No seu primeiro dia de academia, no primeiro aparelho, coloca um peso de 70 kg de cada lado para levantar. Respira fundo… 1… 2… 3… e tenta levantar esse peso. O que acontece?

Se, por um milagre, você ficou forte, levantaria igual uma pena. No meu caso, certamente eu teria um belo dum estiramento. E se continuasse tentando levantar a qualquer custo, ferraria com minhas costas, pelo menos.

Vamos pra vida. Vem aquela pessoa extremamente desafiadora. O tal do ‘gente ruim’. Centenas de quilos de desafio pra levantar. Eu, ou você, magrinho de tudo. Magrinho na empatia, sabe. Sem o hábito de exercitar os ‘músculos emocionais’. Sem o traquejo para vivenciar conflitos complexos. O que vai acontecer?

Bom, se uma benção surgiu dos céus, vamos conseguir respirar fundo e ser super acolhedores. Dialogar numa boa. Conseguir compreender que a pessoa é muito mais que ‘não é aquilo que não gostamos nela e não dialoga com nossos valores’. Iremos perceber que a gente consegue discordar veemente desta pessoa, ir contra as ações delas, até ter ações enérgicas para conter danos… sem rotulá-la como a nossa pior inimiga.

Porém, essa benção provavelmente não vai cair do céu. E nossa reação vai ser soltar meia dúzia de palavrões, rotulá-la como o demônio em terra, e aumentar a polarização entre nós e ela.
Se a gente não tá malhando, fazendo academia pra fortalecer nossos ‘músculos emocionais’, jamais vamos conseguir sustentar espaço interno para viver a intensidade dos esbarrões com aqueles que parecem ser nossos antagonistas em vida. Trocando em miúdos: dificilmente vamos ter empatia por estas pessoas.

E isso é ruim? Não, não é.

Porém, tenho aprendido que me dispor a ter empatia por toda e qualquer pessoa não significa eu ter que amá-la de coração. Tampouco ter que concordar ou conviver com ela.

Essa tal da empatia tem sido, pra mim, uma escolha de me permitir acompanhar o outro em seus pontos de vista e escolhas de vida, por mais insano que me pareçam, com um olhar curioso do que essas escolhas representam para ele. De quais necessidades estas escolhas estão cuidando. Imaginar como esta pessoa chegou nesta estratégia que parece cuidar muito bem dela, mas descuida de tudo mais ao redor.

E pra quê?

Pra eu poder viver melhor, basicamente. Viver e conviver melhor. E pra tentar quebrar o ciclo de violência no qual eu estou inserido, todo santo dia. Olhar pro outro como a pior pessoa do mundo, cansa. Me estresso pra caramba. Já começa a palpitar o coração quando me atenho às formas, sem olhar para as necessidades e humanidade do outro.

Também tenho percebido que contrapor uma opinião para buscar ter razão e convencer no grito, não tem adiantado. Só gera mais polarização e separação. E responder sem entrar no jogo da culpa, sem retribuir violências, me ajuda a quebrar esses ciclos de violência.

Quando tenho intenção genuína em compreender as posições do outro, algo parece mudar. Não sempre, mas às vezes. Tem horas que a pessoa parece sair mais certa do que estava. Outras horas eu que ‘saio do corpo’ e explodo. Ou explodimos juntas.

Em outros momentos, engatamos numa escuta e compreensão mútuas. Falamos sobre nossas dores e medos, nos conectamos ao nos expressarmos ‘a partir do eu’. Sem culpabilização ou apontar de dedos um pro outro. Uma genuína e profunda intenção de conexão. E fico feliz demais quando rola essa conexão. Na real, é libertador.

Isso não significa compactuar com violência, viu. Sem essa de querer entrar pro jogo do oito ou oitenta. E, também, quando falamos de sistemas de opressão, a complexidade aumenta. De fato, precisamos ter ações de contenção e transformação das estruturas.

Mas, a vida, acontece em várias esferas.

Se na disputa do imaginário coletivo continuo trabalhando para reforçar uma visão de mundo que dê conta de acolher as diversidades e seja mais inclusiva, contrapondo uma visão que tende a segregar, separar e oprimir, no um a um, no tete-à-tete, tô parando de querer ter razão. E tentando prezar a escuta e conexão.

Afinal, empatia é decisão e busca por conexão. Comigo. Com o outro. Seja quem for. E cada pessoa é livre para escolher quais estratégias acredita melhor contribuir para o mundo e relações que deseja construir.

E, por fim, uma última coisa:

Nada do que eu digo é uma VERDADE. É, tão somente, uma opinião. Colha aquilo que lhe for bom, experimente com aquilo que desejar experimentar, e fique com aquilo que não tem intenção de se questionar ou mudar.

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E se a gente desse voz à criança que vive em nós? http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/2020/02/26/e-se-a-gente-desse-voz-a-crianca-que-vive-em-nos/ http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/2020/02/26/e-se-a-gente-desse-voz-a-crianca-que-vive-em-nos/#respond Wed, 26 Feb 2020 07:00:03 +0000 http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/?p=118 Estava pensando como falar de amor, harmonia e bem-estar nas empresas. Resolvi contar sobre um breve encontro que tive com um menino esta semana, em Piracicaba.

Hoje um menino me deu uma flor.

Nossos olhares se cruzaram, pela primeira vez, durante o almoço, no Gengibre Bistrô. Houve uma conexão instantânea.

Eu sorri para ele. Ele sorriu pra mim. Ao mesmo tempo.

Me encantei pelo seu jeito animado de falar, enquanto apreciava seu suco. Ele, almoçava com sua avó e irmão. Eu, com minha companheira.

Segui meu almoço. De longe, observando-o. Me alegrando e sorrindo com sua espontaneidade.

Ele terminou o almoço e se foi, antes de mim. Celebrei aquele breve momento de conexão. A vida seguiu. Fui embora do restaurante, rumo à rodoviária.

E, enquanto caminhava, uma surpresa. Lá estava o menino, de novo, com sua avó. Então, eu sorri pra ele. Ele sorriu pra mim. Ao mesmo tempo.

Com coração pulando de alegria, perguntei: – Oi. Você lembra de mim?

Ele respondeu: – Você estava no bistrô.

Trocamos mais algumas palavras. Segui meu caminho, junto com minha companheira, rumo à rodoviária.

Ouvimos passos. E vozes.

– Ooooi. Espera.

Era o menino. Nos seguia, numa corrida onde a vó penava para acompanhar.

Assim que nos alcançou, abaixei à sua altura. E ele perguntou: – Qual seu nome?

Sorridente, respondi. E ele me disse que se chamava Mateus. Estendi a mão para cumprimentá-lo e a avó o ajudou a estender a mão até a minha. Perguntou o nome de minha companheira. Se apresentaram também.

Levantei e seguimos nosso caminho, eu e minha companheira.

Mateus, de novo, nos chamou. Seguia na beira da calçada, agora buscando algo. E achou.

Era uma flor. Me presenteou.

Tão logo nos despedimos Mateus nos chama mais uma vez. Buscava outra flor. Afinal, a Laura ainda não havia ganhado a sua.

A avó, meio que desconcertada. Preocupada: – Ei Mateus, eles vão perder o ônibus.

Mateus, focado, continuava sua busca pela flor. Encontrou-a. Entregou para Laura. E nos despedimos. Dessa vez, de vez.

Passados alguns segundos, de longe escutei: – Onde está sua mãe?

Trocamos mais alguns gritos. Sobre minha mãe estar em outra cidade e eu não morar mais com ela. Ele, talvez sem entender como era possível um outro menino caminhar pela vida sem sua mãe. Ou sem sua avó.

Seguimos nossas vidas. Eu, com um calor no coração e brilho nos olhos. Encantado com o poder da conexão.

Mateus, nos seus 2/3 anos de idade, me ensinando sobre o desejo natural do ser humano de contribuir com o bem-estar do outro. Sem esperar nada em troca.

Depois, fiquei pensando na transformação que preciso para viver em mais harmonia comigo mesmo. Na transformação que nós precisamos, enquanto sociedade, para vivermos com mais harmonia uns com os outros, com a natureza.

Onde nos perdemos, e começamos a tornar seletivo o desejo pelo bem-estar do outro? Onde começamos a achar que, para estarmos bem, alguém precisa estar mal? Onde nasceu a indiferença àqueles ao nosso redor, e à natureza?

Precisamos aprender mais com as crianças. Com aquelas que hoje nascem. E com aquelas que éramos, e silenciamos e nos desconectamos, em algum momento, em prol de uma vida adulta.

Em meio às constantes violências (sutis e explícitas) em que vivemos, e que cometemos, alimentamos e replicamos… o Mateus me relembrou da importante e necessária revolução do amor, na pura e doce oferta, de uma flor.

Revolução essa que começa, antes de tudo, no resgate e acolhimento, com amor, da eterna (e muitas vezes ferida) criança que vive em mim.

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O que meu melhor amigo me ensinou sobre liderança e estar a serviço http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/2020/02/19/o-que-meu-melhor-amigo-me-ensinou-sobre-lideranca-e-estar-a-servico/ http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/2020/02/19/o-que-meu-melhor-amigo-me-ensinou-sobre-lideranca-e-estar-a-servico/#respond Wed, 19 Feb 2020 07:00:47 +0000 http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/?p=115 Esta semana conversava com um amigo de infância, que é como um irmão pra mim. Falávamos, dentre outras coisas, do desafio de estar à frente de uma equipe e ter atitudes que contribuam para a empresa e para o bem-estar dos funcionários, ao mesmo tempo. Aliás, a conversa começou meio que ele dizendo algo como “cara, dá umas dicas aí sobre como posso ser um bom líder”. Feliz decisão que tive de, ao invés de compartilhar minha experiência com gestão e desenvolvimento de pessoas, escolher escutar a experiência dele.

Trabalhando nessa empresa há cerca de um ano e meio, já com uma bagagem de mais de dez anos na área de tecnologia, esta é sua primeira empreitada saindo da área operacional e sendo desafiado a gerenciar uma equipe. Equipe essa composta por sete pessoas, de diferentes níveis de conhecimento, e responsável pelo desenvolvimento do principal produto da empresa.

Ele, que nomearei a partir de agora como Márcio, me contou algumas histórias de como tem sido o desafio de liderar uma equipe responsável por manter uma estrutura multimilionária em bom funcionamento e cada vez melhor. Das dificuldades e estresses de estar a frente de um desafio que parece ser maior que sua capacidade de lidar com ele. E do prazer de abraçar esse desconhecido e atingir os resultados que vem obtendo. Sem diploma de faculdade e nunca tendo frequentado sequer um curso de gestão, adentrando um ambiente onde títulos e papéis teimam em ditar quem somos, trazendo uma necessária provocação.

Compartilho com você uma das histórias que ele me contou, que ficou ecoando por aqui.

Use seu poder a serviço da transformação

Márcio recebeu uma cobrança de um dos gerentes de outra área, que é cliente interno de seu time. Esse gerente expressava descontentamento com sua atitude de solicitar que algumas pessoas do time reservassem parte do tempo do trabalho para estudar alguns temas que seriam necessários para melhorar a qualidade do produto e, consequentemente, o resultado da empresa. Na cabeça do gerente, estas pessoas são pagas para trabalhar e não para estudar no horário de trabalho. Se for para estudar, que seja fora do horário produtivo e sem receber por isso.

Numa discussão um tanto calorosa com esse gerente, Márcio nomeia que um dos problemas da empresa é justamente o fato de só valorizarem as pessoas quando convém. Na hora de fazer hora extra, tudo certo e são os melhores funcionários. Na hora que estudam para fazer algo bacana, estão perdendo tempo e deveriam ser ‘mais produtivos’. E pontua a baixa retenção de profissionais qualificados, que trocam a empresa por falta de um olhar mais humanizado para eles.

Um tanto abusado (gosto disso, na real), Márcio pontua que está tudo bem o desconforto de seu cliente interno e que não vai mudar sua perspectiva de atuação centrada nas pessoas. Se for para mudar e enxergar as pessoas como máquinas, que o diretor da empresa (ou CEO, pra quem gosta de falar bonito) venha e mande-o embora, pois não fará mais sentido para ele estar ali.

Como resultado dessa política que Márcio adotou, o time continua mais motivado ainda e entregando resultados que impressionam a empresa. Inclusive, sendo considerado um time de destaque ali dentro. Detalhe adicional: recebeu carta branca para escolher a melhor forma de lidar com seu time para continuarem entregando os resultados esperados.

Aprendizados, esperanças e muito trabalho pela frente

Não é fácil tomar a decisão de olhar para o bem-estar das pessoas em ambientes onde se vive falando de produtividade e espremer até a última gota é a regra. Qualquer olhar diferente deste padrão mecanicista corre o risco de soar utópico e inadequado, incompatível com uma cultura de que ‘a fila anda e quem está aqui precisa mostrar serviço a todo custo’.

Felizmente, há pessoas em posições hierárquicas com poder de escolha, como no caso de Márcio, que topam assumir esse risco e ousar fazer diferente. Que são resistência diante de um sistema de opressão. Afinal, nesses ambientes, posicionar-se é uma potente ação de transformação.

Talvez, ainda são poucas as pessoas que assumem esse lugar de resistência e transformação, diante da massa crítica que precisamos para integrar no inconsciente coletivo uma nova forma de se relacionar que seja mais saudável para empresas, funcionários e sociedade. Nem por isso, essa transformação é inexistente. Ela ocorre, silenciosamente, em cada atitude como essa de Márcio. Cabe a cada um de nós continuar a contar e viver novas histórias, na medida de nossas possibilidades.

E começo a pensar naquele primeiro pedido que ele me fez: “cara, dá umas dicas aí sobre como posso ser um bom líder”. A única coisa que me vem em mente, é responder aquilo que ele me ensinou nessa conversa, talvez sem sequer perceber essa qualidade em si mesmo.

Rapaz, você já é um bom líder. Ao ter um olhar sensível e humano para o que cada pessoa é. Ao sustentar um espaço de desconforto e conflito para manter seus princípios, ainda que correndo o risco de ser mandado embora. Ao olhar para os resultados que esperam de você, sem deixar de olhar para aqueles que com você trabalham.

Do mais, posso te passar uma tonelada de leituras e vídeos, de possíveis cursos que vão trazer bagagem pra somar na sua experiência a partir de agora. Mas, aquilo de mais precioso, que muita gente que passou por grandes universidades, viajou o mundo e trabalhou em grandes corporações, e talvez não percebeu, você ensina no seu viver: De que vale ganhar o mundo, e perder sua alma?

A liderança que mais me inspira é aquela que existe de forma consciente e a serviço de um bem-estar integral. De si, da empresa, daqueles que dela fazem parte, da sociedade. E essa liderança, você não só tem, como transborda.

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Empresas não precisam existir “para dar lucro” http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/2020/02/12/empresas-nao-precisam-existir-para-dar-lucro/ http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/2020/02/12/empresas-nao-precisam-existir-para-dar-lucro/#respond Wed, 12 Feb 2020 07:00:25 +0000 http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/?p=107 A primeira vez que ouvi falar sobre negócios sociais foi em 2011, quando participava de uma organização de estudantes e um dos integrantes contou sobre um tal de Muhammad Yunus, criador do Grameen Bank, um banco de pequenos empréstimos para os pobres sem as garantias e exigências tradicionais dos bancos comerciais, em Bangladesh. Projeto esse iniciado em 1976 e formalizado como banco desde 1983. Aprendi que esse tipo de empréstimo tinha um nome, microcrédito. E descobri que Yunus era o precursor dos negócios sociais.

Seguindo o conceito trazido por Yunus, negócios sociais são empresas que buscam resolver um problema social desenvolvendo produtos e serviços para a base da pirâmide, fazem dinheiro com isso, mas reinvestem todo o lucro obtido no próprio negócio. A métrica principal de sucesso de um negócio não é o lucro em si, mas o impacto social gerado para as pessoas e o meio ambiente.

Próximo deste conceito trazido por Yunus, estão também os hoje chamados de negócios de impacto. Assim como os negócios sociais, estes também são voltam seus produtos e serviços para as classes C, D e E e tem o objetivo de resolver uma demanda social importante, mas consideram possível, além do reinvestimento, a redistribuição de lucros.

Fonte da imagem: https://porvir.org/entenda-os-conceitos-de-negocios-sociais/

Um pequeno ajuste de perspectiva muda tudo

Falar sobre negócios sociais nos dias atuais é uma forma de refletirmos sobre o sistema de crenças no qual temos construído a sociedade até agora e construir novos modelos de pensamento para construirmos um futuro de mais cuidado coletivo e que os negócios estejam a serviço do bem-estar social.

A ideia de que toda empresa existe ‘para dar lucro’ é algo já enraizado em nossa cultura. Lembro escutar isso com frequência em minhas aulas de graduação e pós graduação, bem como nas empresas por onde passei. 

Trabalhando com melhoria contínua durante uma década, era recorrente o discurso de que os projetos precisavam focar em reduzir custos e aumentar o resultado financeiro, ainda que fosse reduzir o bem-estar dos funcionários. Se uma empresa existe para dar lucro, o que e o como ela faz, se torna secundário. Se der lucro, tá tudo certo.

Pela ótica dos negócios sociais, o lucro é um dos indicadores de que o negócio está saudável, mas não o único. Transformamos a ideia de que uma empresa existe para dar lucro e partimos do pressuposto que a empresa existe para contribuir com a redução da pobreza ou mais problemas (como educação, saúde, acesso a tecnologia e meio ambiente) que ameaçam as pessoas e a sociedade.

Outras variáveis tão importantes quanto o lucro, se não mais importantes, são o bem-estar das pessoas dentro da empresa e os impactos socioambientais de suas políticas, produtos e serviços.

Por exemplo, de nada adianta um negócio social ter o propósito de melhorar o acesso à educação e ter um ambiente de trabalho que adoece psicologicamente as pessoas, ou contribuir para aumentar o endividamento das pessoas que a empresa busca atender.

Negócios sociais já são realidade no Brasil, e aumentam todo ano

Conheço três organizações no Brasil que tem contribuído fortemente com o cenário de negócios sociais e negócios de impacto por meio da captação de investimentos, programas de mentoria e aceleração, parcerias com grandes empresas, dentre outros. Vale dedicar um tempo para conhecê-las.

Instituto Quintessa: O Quintessa existe para impulsionar uma nova forma de fazer negócios. Desejam ser protagonistas na construção do país que sonham e buscam ressignificar o papel de empresas como um instrumento de geração de impacto e estimular que tenham uma gestão consciente e humana.

Artemísia: Em 2004, a Potencia Ventures percebeu no Brasil um enorme potencial para desenvolver negócios com impacto social e por isso fundou a Artemísia. Sua missão é identificar e potencializar uma nova geração de empreendedores(as) e negócios de impacto social que sejam referência na construção de um Brasil mais ético e justo.

Yunus Negócios Sociais: A Yunus Social Business acredita no poder dos negócios para eliminar a pobreza. Fundada em 2011 pelo Prof. Muhammad Yunus e Saskia Bruysten para expandir o sucesso dos negócios sociais de Bangladesh para o mundo. Seus fundos de investimento de impacto fomentam negócios locais que promovam emprego, educação, saúde, água e energia limpa para mais milhões de pessoas no leste da África, América Latina e Índia.

Não acredito que os negócios sociais são a única e, tampouco, melhor resposta para os problemas sociais e ambientais que vivemos hoje. Porém, acredito que eles são mais um potente ator para contribuir com as transformações que precisamos para construirmos sociedades mais justas e inclusivas, que deem conta de cuidar do bem-estar e qualidade de vida de todos.

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A mudança é certa; a questão é: para onde queremos seguir? http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/2020/02/05/a-mudanca-e-certa-a-questao-e-para-onde-queremos-seguir/ http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/2020/02/05/a-mudanca-e-certa-a-questao-e-para-onde-queremos-seguir/#respond Wed, 05 Feb 2020 14:24:17 +0000 http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/?p=104 A sociedade está mudando. As empresas estão mudando. Mas nem sempre nos damos conta disso.

Já parou para pensar em como eram as primeiras organizações que surgiram na história? Há milhares de anos começaram a surgir as primeiras organizações quando povos começaram a se dominar. Estas organizações tinham como característica o uso excessivo da força como forma de dominação. Regimes totalitários onde dominava quem tinha mais poder. Quem tinha menos poder se subjugava e atendia aos desejos de seus soberanos.

Com o tempo, mais precisamente com o advento da agricultura, já havíamos na sociedade uma ampliação da forma como nos organizamos. Nesta época, com a possibilidade de uma produção maior de alimentos, em escala, e que atendesse a um maior número de pessoas, começaram a surgir organizações mais elaboradas enquanto sociedade. Havia agora uma divisão de tarefas enquanto sociedade: ferreiros, agricultores, legisladores, etc.

Depois, surgiram novas demandas e necessidades. O advento da revolução industrial. Com ela, vieram também outras formas mais de nos organizarmos enquanto coletivo. E as empresas seguiam esta mesma visão.

Processos. Tecnologia. Informação. Uma evolução em 200 anos que nunca se viu nos milhares de anos anteriores de nossa história. Construímos muitas coisas. Nos conectamos globalmente. Falamos com pessoas ao redor do mundo em tempo real. Chegamos à Lua. Queremos ir à Marte. Física. Ciência. Em todas as áreas evoluímos exponencialmente.

Porém, nossa evolução enquanto mindset de sociedade não acompanhou essa evolução. É muito mais lenta e gradativa e ainda estamos em paradigmas que não se encaixam mais nessa forma de ver a sociedade.

Como exemplo, nunca destruímos tanto o planeta igual agora. Consumindo muito mais do que sua capacidade de regeneração. Afetando direta e consistentemente o clima do planeta e interferindo cada vez mais nas dinâmicas da natureza.

Ao mesmo tempo, cada vez mais estão surgindo empresas e pessoas preocupadas com a regeneração das relações e do planeta. Que buscam em seus processos e propósito incluir não apenas o lucro pelo lucro, mas também um cuidado maior com o coletivo.

Claro que estas iniciativas, ainda, não falam tão alto quanto a cultura opressora e patriarcal que ainda perdura nos dias atuais. Cultura opressora e invasora, que por onde chegava conquistava a tudo e todos pela força. Onde a competição era a regra e vencia apenas aquele que tinha mais poder. Mudou-se a forma, mantiveram-se seus resquícios.

Porém, cada vez mais, vencer deixa de ser uma condição individual para se tornar coletiva. Se não vencemos juntas e juntos, qual o propósito? De que vale ganhar às custas do bem-estar de outras pessoas?

Aos poucos, esse pensamento se torna mais presente. A partir da voz de pessoas influentes. Nas políticas de de alguns fundos de investimento. Na voz de líderes mais progressistas. Na voz de jovens ativistas. E é natural que este pensamento sofra fortes retaliações e descrédito diante do mainstream. O que é mais complexo nessa vida é transformar uma cultura, incorporar novos paradigmas.

Diante disso, gosto de lembrar de um dos grandes ensinamentos que tive com o Taoísmo:

Algumas coisas na natureza mudam tão rápido que sequer percebemos. Outras, tão lentamente que também não percebemos. E algumas mudam num tempo que podemos perceber.

Pode ser que muitos não vejam essa mudança no paradigma de separação para conexão. Outros, talvez, fechem os olhos para isso e deem mais valor para o paradigma de separação onde estão seguros e acostumados. Talvez seja mais fácil viver na crença de que não é possível fazer diferente.

Em meio aos desânimos e descrenças, gosto sempre de trazer ao coração as palavras de Rubem Alves:

O que é que se encontra no início? O jardim ou o jardineiro? É o jardineiro. Havendo um jardineiro, mais cedo ou mais tarde um jardim aparecerá. Mas, havendo um jardim sem jardineiro, mais cedo ou mais tarde ele desaparecerá. O que é um jardineiro? Uma pessoa cujo os sonhos estão cheios de jardins. O que faz um jardim são os sonhos do jardineiro.

Que a gente não perca a capacidade de sonhar esse grande jardim que é o mundo. Talvez um sonho distante a se perseguir, mas nem de longe impossível de começar (ou continuar) a materializar.

 

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Acolhimento como estratégia de negócio http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/2020/01/29/acolhimento-como-estrategia-de-negocio/ http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/2020/01/29/acolhimento-como-estrategia-de-negocio/#respond Wed, 29 Jan 2020 07:00:28 +0000 http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/?p=97 Empresas buscam cotidianamente estratégias para serem cada vez mais eficientes e eficazes, com a intenção de continuarem atingindo seu propósito e se manterem lucrativas. Porém, será que as estratégias adotadas de fato contribuem para um resultado sustentável?

Aprendemos no século 21 a exercer com maestria programas de motivação baseados em bônus, metas e resultados. Geramos engajamento nas equipes através da competição, premiando e destacando os melhores. Note que melhor, nestes casos, significa que a pessoa rendeu acima das expectativas, deu sangue pela empresa, deu mais resultado financeiro. E qual custo destas ações?

Os transtornos mentais e emocionais são a segunda causa de afastamento do trabalho. De acordo com pesquisas dos Isma-BR, representante brasileiro da International Stress Management Association, nove em cada dez brasileiros no mercado de trabalho apresentam sintomas de ansiedade, de grau mais leve a incapacitante. Destes, 47% sofrem de algum nível de depressão.

Por isso, antes de falarmos sobre motivação, criação de espaços de trabalho ‘cool’, programas de benefícios, precisamos falar sobre saúde mental e emocional. Precisamos de ambientes de segurança psicológica, antes de tudo. Se não mudamos a mentalidade, iremos continuar rumo a uma sociedade cada vez mais próspera financeiramente e doente emocionalmente.

Segundo pesquisas realizadas por Paul Zak, expert em neurociência e neuroeconomia, publicadas na revista Harvard Business Review, os funcionários são 50% mais produtivos, 74% menos estressados e 76% mais engajados nas empresas que fomentam uma relação de confiança entre eles. Ou seja: a criação de um ambiente de segurança psicológica contribui não apenas com o clima organizacional e com o bem-estar de seus funcionários, mas também na imagem e resultado financeiro de toda a organização.

Inclusive, foi realizada uma extensa pesquisa na Google para descobrir o que diferenciava as equipes mais efetivas das demais. Descobriram que o principal diferencial é ter ‘segurança psicológica’. Em resumo: “Nas melhores equipes, os membros se escutam e mostram sensibilidade e abertura para sentimentos e necessidades uns dos outros”. Em outras palavras, acolhimento.

E para sermos mais acolhedores, conosco e, consequentemente, com os outros, deixo dois convites:

O primeiro, é valorizar e falar sobre vulnerabilidade. Vivemos numa cultura onde se mostrar forte (ainda que em pedaços por dentro) é supervalorizado e demonstrar vulnerabilidade, expressando que algo não está bem, é fraqueza. Porém, ser vulnerável é exatamente o oposto de fraqueza. É preciso coragem para se mostrar inteiro e tirar as máscaras das aparências. E quanto mais aceitamos e expressamos a nossa vulnerabilidade, mais damos ao outro o direito de expressá-la.

O segundo, é deixar de lado a ideia de perfeição. A cobrança por tudo estar certo e perfeito nos leva a um autoflagelo quando algo sai diferente do esperado, que se reflete também na culpabilização do outro quando comete algum erro. Quanto mais gentis e compassivos somos com nós mesmos, mais seremos também com os outros. E ao transformar a culpa em responsabilidade e aprendizado, podemos olhar para os erros como possibilidades de crescimento.

Semear e cultivar acolhimento para colher melhores resultados organizacionais e mais saúde para todos. Parece uma boa relação de ganha-ganha. Então, o que falta para fazermos mais disso?

Talvez, o primeiro passo seja aprendermos a nos acolher. Afinal, o mundo se constrói de dentro pra fora.

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Nem toda violência é explícita, e precisamos falar sobre isso http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/2020/01/22/nem-toda-violencia-e-explicita-e-precisamos-falar-sobre-isso/ http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/2020/01/22/nem-toda-violencia-e-explicita-e-precisamos-falar-sobre-isso/#respond Wed, 22 Jan 2020 07:00:59 +0000 http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/?p=94 Quando se fala de violência, qual a primeira situação que vem na sua mente?

Por muito tempo considerei violência apenas aquelas situações explícitas que estou habituado a ver seu impacto direto. Por exemplo, a violência física que acontece quando uma pessoa dá um soco em outra. Ou a violência verbal, que acontece quando se usa de palavras que depreciam uma pessoa. Ou violência psicológica, quando são usados meios para colocar alguém emocionalmente para baixo.

E, para seguir, gostaria de ampliar ainda mais o conceito de violência, com base nos estudos que tenho feito há um tempo sobre comunicação não violenta. Se ‘violento’ significa agir de maneiras que resultam em dor ou dano, então muito de como nos comunicamos e interagimos de fato pode ser considerado ‘violento’.

  • Gritar com outra pessoa
  • Colocar apelidos pejorativos
  • Culpabilizar o outro por algo que fez ou não fez
  • Minimizar o que uma pessoa experimenta numa determinada situação
  • Silenciar o outro ou falar sem escutá-lo
  • Definir o certo e errado, bom ou mau
  • Fazer piadas sobre outras pessoas ou grupos

Um exemplo meu

Para ilustrar o que falei, quero te contar uma história. 

Aprendi desde pequeno a lidar com as dificuldades e adversidades da vida. Como passei por uma série de problemas familiares na infância e na adolescência, acabei desenvolvendo bastante minha resiliência. Isso significa que tendo a ‘cair e levantar’ prontamente diante de alguma adversidade que eu enfrente hoje, sem tempo para ‘ficar remoendo a situação’. 

Porém, outras pessoas não necessariamente desenvolveram sua resiliência da mesma forma que eu. E certa vez, quando uma pessoa me contou sobre uma situação pela qual ela estava passando eu imediatamente falei: “Deixa disso, é coisa boba. Você tá dando demais atenção para esse problema e, olha, nem é tão grande assim”. Ao usar minha régua para medir e definir a experiência dela, considerei que era algo banal. Enquanto para ela, naquele momento, não era.

Por mais que eu tivesse a intenção de contribuir com seu bem-estar, dizendo que ela poderia seguir em frente, meu comentário chegou como violento e opressivo, colocando-a num lugar de inadequação e negando seu direito de se sentir impactada pela situação pela qual passava.

Consegue imaginar uma situação pela qual passou, que suas atitudes podem ter chegado como violentas para a outra pessoa, causando um impacto diferente do que você esperava? Ou alguma atitude de alguém que chegou como violenta para você?

Quer dizer que sou violento? 

Não estou trazendo esses conceitos para te colocar num papel de pessoa intencionalmente violenta. Meu desejo é adicionar mais uma dimensão às relações humanas.

Voltando ao meu exemplo, não é sobre eu estar certo ou errado com o que falei. Tampouco sobre julgar o que a outra pessoa deveria fazer diante daquela situação. A questão é que não é somente a nossa intenção que importa. Por mais que eu diga ou faça algo bem-intencionado, ou que eu considere banal, pode ser que o impacto gerado na outra pessoa seja diferente.

Desumanização e assédio moral

Essas violências sutis, a depender de seu teor e frequência, podem também se transformar num problema sério dentro das empresas, que é o assédio moral. Veja a definição de assédio moral usada pelo Tribunal Superior do Trabalho numa cartilha de sensibilização sobre o tema: 

“O assédio moral é conceituado por especialistas como toda e qualquer conduta abusiva, manifestando-se por comportamentos, palavras, atos, gestos ou escritos que possam trazer danos à personalidade, à dignidade ou à integridade física e psíquica de uma pessoa, pondo em perigo o seu emprego ou degradando o ambiente de trabalho.”

Inclusive, além do descuido com o bem-estar do ser humano que está diante de nós, que por si só já seria motivo o suficiente para repensarmos como estamos nos relacionando no trabalho e na vida, o assédio moral também pode ser responsabilizado judicialmente, cabendo ao agressor indenizar a vítima pelos danos causados.

Por relações com menos barreiras e mais pontes

Se queremos ambientes de trabalho mais saudáveis emocional e psicologicamente, é necessário cada vez mais voltarmos nossos olhares para uma cultura de diálogo e olhos nos olhos. Uma cultura que valorize a diversidade e celebre as diferenças. Que valorize mais a escuta e a busca por conexão, e menos o ter razão. Que nos permita errar e reconhecermos que não somos super-humanos. Que não somos máquinas. Que cada um tem uma história que precisa ser honrada e incluída.

Certa vez, numa reunião preparatória com uma empresa que me contratou para dar um treinamento, a área de RH pediu para evitar atividades onde houvesse contato visual ou físico, pois isso poderia deixar gerentes e diretores desconfortáveis e eles poderiam ter uma reação negativa à atividade oferecida.

Enquanto esses tipos de pedidos existirem, existe ainda um longo caminho para desconstrução da violência no mundo corporativo. Afinal, se não nos permitimos ser humanos, como permitiremos também o outro de sê-lo?

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A habilidade de olhar por diferentes perspectivas em ‘seis chapéus’ http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/2020/01/15/a-habilidade-de-olhar-por-diferentes-perspectivas-em-seis-chapeus/ http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/2020/01/15/a-habilidade-de-olhar-por-diferentes-perspectivas-em-seis-chapeus/#respond Wed, 15 Jan 2020 07:00:48 +0000 http://sergioluciano.blogosfera.uol.com.br/?p=90 “Era uma vez um homem que pintou um lado do seu carro de branco e o outro de preto. Seus amigos lhe perguntaram por que ele havia feito uma coisa tão estranha. Ele respondeu: ‘Porque vai ser muito divertido, caso eu venha a sofrer um acidente, escutar as testemunhas se contradizendo no tribunal.'”

Essa breve história representa algo muito comum nas discussões e conflitos que temos no cotidiano: falarmos da mesma situação, mas a partir de perspectivas diferentes. Uma consequência provável dessa diferença de perspectiva seja cada uma das partes assumir uma visão contrária e confrontadora, defendendo sua própria visão ou invalidando a visão do outro.

Temos pontos de vista diferentes e isso é natural. Óbvio, claro. Porém, a capacidade de navegar por diferentes perspectivas é uma habilidade. E é sobre essa habilidade que quero falar com você hoje, sob a perspectiva do livro “Os seis chapéus do pensamento”, de Edward de Bono.

Os seis chapéus do pensamento

O autor traz, de forma simples e prática, um método pautado em seis diferentes tipos de pensamento. Cada um deles se tornou um chapéu que pode conscientemente ser colocado durante uma discussão, para olharmos juntos sob a perspectiva que ele representa. São eles:

Chapéu branco O branco é neutro e objetivo. O chapéu branco está relacionado a fatos e números objetivos.

Chapéu vermelho – O vermelho indica raiva e outras emoções. O chapéu vermelho apresenta uma visão emocional.

Chapéu preto – O preto é sombrio e sério. O chapéu preto está vinculado à cautela e ao cuidado. Aponta para os pontos fracos de uma ideia.

Chapéu amarelo – O amarelo é ensolarado e positivo. O chapéu amarelo é otimista e está associado à esperança e ao pensamento positivo.

Chapéu verde – O verde é a cor da grama, da vegetação e de todo crescimento fértil e abundante. O chapéu verde sugere criatividade e novas ideias.

Chapéu azul – O azul é sereno e a cor do céu, que está acima de qualquer outra coisa. O chapéu azul refere-se ao controle, à organização do processo de pensamento e à ordem de utilização dos demais chapéus.

O risco de não percebermos os diferentes chapéus

Para seguir, falemos sobre uma situação comum no trabalho.

Durante a reunião, Carlos compartilhou sobre o novo projeto que estava desenvolvendo dentro da empresa. Animado, contava sobre como iria impactar e trazer bem-estar para todo o time. (chapéu amarelo)

Em dado momento, Felipe interveio e disse que parecia uma ideia muito bonita, mas que não acreditava que daria certo. Afinal, reduziria o tempo que os funcionários têm para se dedicar às atribuições do cargo. (chapéu preto)

Carlos prontamente rebateu, dizendo que Felipe era muito pessimista e vivia olhando para números. Felipe respondeu dizendo que o problema era que Carlos vivia no mundo das ideias e não tinha noção da realidade. (conflito surgido por conta de diferentes perspectivas para a mesma situação).

Quando uma pessoa fala a partir de um determinado chapéu e outra responde a partir de outro chapéu, pode ser que chegue para quem falou como uma negação de sua expressão. Em algumas situações, isso leva a uma discussão e ataques pessoais. Em outras, na redução da disposição de futuramente querer contribuir com suas ideias e opiniões. São diversos os impactos da não compreensão e do não acolhimento das diferentes perspectivas.

Com o passar do tempo, existe ainda o risco de rotular as pessoas de acordo com suas expressões mais corriqueiras. Quem costuma expressar suas preocupações (chapéu preto) é o chato que trava tudo. Quem expressa mais frequentemente seu otimismo (chapéu amarelo) é quem esquece da realidade e vive sonhando. Quem tende a expressar sentimentos (chapéu vermelho) é o descontrolado emocionalmente. E por aí vai.

O benefício de estarmos atentos aos diferentes chapéus 

Voltemos à situação de Carlos e Felipe.

Quando Carlos compartilhou sobre o novo projeto e mencionou sua animação em relação à previsão de um aumento no bem-estar do time, Felipe imaginou que Carlos se expressava a partir do chapéu amarelo. Percebeu também que surgiu um frio na barriga dentro de si, que falava sobre o risco de impactar na produtividade da empresa (chapéu preto).

Felipe disse para Carlos que percebia um otimismo com esse projeto, e que ficava curioso para saber mais como ele via que poderia contribuir para a empresa (acolhendo o chapéu amarelo). Então, Carlos seguiu por mais alguns minutos apresentando o projeto e impactos esperados.

Então, Felipe agradeceu a Carlos pela apresentação e pediu para olharem, juntos, para os pontos de atenção e riscos da implementação (convite para, conscientemente, colocarem o chapéu preto juntos). Expressou que estava preocupado com a produtividade da empresa e que gostaria de expor algumas ponderações para que o projeto ficasse ainda mais adequado às necessidades da empresa.

Quando estamos conscientes e atentos a como esses seis chapéus se manifestam, tanto em nós como no outro, conseguimos tomar uma decisão consciente de escolher com qual deles queremos interagir. Conseguimos ser mais inclusivos e acolhedores com as expressões de outras pessoas e saímos do jogo de certo e errado.

Percebendo que todos temos essas perspectivas dentro de nós, por um lado, mas que, por outro lado, aparecem em momentos distintos, podemos evitar os rótulos que colocamos nas pessoas por conta de expressarem somente uma dessas perspectivas.

Aliás, qual chapéu você percebe que mais usa nas suas interações? Nas minhas, o amarelo é o que mais frequentemente “está na minha cabeça” e o preto é aquele que tenho mais dificuldade de lidar.

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