E se a gente desse voz à criança que vive em nós?
Estava pensando como falar de amor, harmonia e bem-estar nas empresas. Resolvi contar sobre um breve encontro que tive com um menino esta semana, em Piracicaba.
Hoje um menino me deu uma flor.
Nossos olhares se cruzaram, pela primeira vez, durante o almoço, no Gengibre Bistrô. Houve uma conexão instantânea.
Eu sorri para ele. Ele sorriu pra mim. Ao mesmo tempo.
Me encantei pelo seu jeito animado de falar, enquanto apreciava seu suco. Ele, almoçava com sua avó e irmão. Eu, com minha companheira.
Segui meu almoço. De longe, observando-o. Me alegrando e sorrindo com sua espontaneidade.
Ele terminou o almoço e se foi, antes de mim. Celebrei aquele breve momento de conexão. A vida seguiu. Fui embora do restaurante, rumo à rodoviária.
E, enquanto caminhava, uma surpresa. Lá estava o menino, de novo, com sua avó. Então, eu sorri pra ele. Ele sorriu pra mim. Ao mesmo tempo.
Com coração pulando de alegria, perguntei: – Oi. Você lembra de mim?
Ele respondeu: – Você estava no bistrô.
Trocamos mais algumas palavras. Segui meu caminho, junto com minha companheira, rumo à rodoviária.
Ouvimos passos. E vozes.
– Ooooi. Espera.
Era o menino. Nos seguia, numa corrida onde a vó penava para acompanhar.
Assim que nos alcançou, abaixei à sua altura. E ele perguntou: – Qual seu nome?
Sorridente, respondi. E ele me disse que se chamava Mateus. Estendi a mão para cumprimentá-lo e a avó o ajudou a estender a mão até a minha. Perguntou o nome de minha companheira. Se apresentaram também.
Levantei e seguimos nosso caminho, eu e minha companheira.
Mateus, de novo, nos chamou. Seguia na beira da calçada, agora buscando algo. E achou.
Era uma flor. Me presenteou.
Tão logo nos despedimos Mateus nos chama mais uma vez. Buscava outra flor. Afinal, a Laura ainda não havia ganhado a sua.
A avó, meio que desconcertada. Preocupada: – Ei Mateus, eles vão perder o ônibus.
Mateus, focado, continuava sua busca pela flor. Encontrou-a. Entregou para Laura. E nos despedimos. Dessa vez, de vez.
Passados alguns segundos, de longe escutei: – Onde está sua mãe?
Trocamos mais alguns gritos. Sobre minha mãe estar em outra cidade e eu não morar mais com ela. Ele, talvez sem entender como era possível um outro menino caminhar pela vida sem sua mãe. Ou sem sua avó.
Seguimos nossas vidas. Eu, com um calor no coração e brilho nos olhos. Encantado com o poder da conexão.
Mateus, nos seus 2/3 anos de idade, me ensinando sobre o desejo natural do ser humano de contribuir com o bem-estar do outro. Sem esperar nada em troca.
Depois, fiquei pensando na transformação que preciso para viver em mais harmonia comigo mesmo. Na transformação que nós precisamos, enquanto sociedade, para vivermos com mais harmonia uns com os outros, com a natureza.
Onde nos perdemos, e começamos a tornar seletivo o desejo pelo bem-estar do outro? Onde começamos a achar que, para estarmos bem, alguém precisa estar mal? Onde nasceu a indiferença àqueles ao nosso redor, e à natureza?
Precisamos aprender mais com as crianças. Com aquelas que hoje nascem. E com aquelas que éramos, e silenciamos e nos desconectamos, em algum momento, em prol de uma vida adulta.
Em meio às constantes violências (sutis e explícitas) em que vivemos, e que cometemos, alimentamos e replicamos… o Mateus me relembrou da importante e necessária revolução do amor, na pura e doce oferta, de uma flor.
Revolução essa que começa, antes de tudo, no resgate e acolhimento, com amor, da eterna (e muitas vezes ferida) criança que vive em mim.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.